Grupo Tapajônicos organiza rede de coleta e dispersão de sementes e se destaca na Restaura Natureza 2023


3 de outubro de 2023

Eles se organizaram para coletar e dispersar sementes de espécies da Amazônia e articularam uma grande rede com esse propósito. Com esta ação de restauração, o grupo Tapajônicos, formado por alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Maria das Graças Escócio Cerqueira, em Itaituba (PA), conquistou dois destaques na Restaura Natureza 2023 – Olimpíada Brasileira de Restauração de Ecossistemas: ficou em 2º lugar na categoria Votação Popular e em 4º lugar na categoria Comissão Julgadora.

Os estudantes Albert Mateus Rodrigues Pereira, Ellen Cristina Kurap Silva, João Vitor Silva Bento, Rycksson Guilherme de Freitas Maciel, Sabrina da Silva Nunes, do 1º ano do Ensino Médio, acompanhados da professora Eliude Ramos Ribeiro da Silva, integraram o grupo Tapajônicos na competição colaborativa. “Mesmo depois de anunciados os vencedores da olimpíada, continuamos a trabalhar todos os dias pelo projeto”, afirma Eliude.

Na fase online, quando os estudantes têm contato com materiais sobre os temas formativos e são desafiados nos quizzes, o grupo Tapajônicos conta que teve dificuldade de acesso a celulares, computadores e internet para realizar as atividades. 

Na fase prática, o Tapajônicos escolheu trabalhar o Plano de Ação 5 – “Para a natureza nascer feliz: quebra de dormência e formação de mudas.” Com ajuda de sua rede de apoio, conseguiu arrecadar 38 mudas e 32 tipos de sementes, de 70 espécies. Sementes de ipê-amarelo, cutite e jucá foram colhidas no ambiente da escola. Coletores e produtores rurais, feirantes, batedores de frutas (açaí e buriti), organizações da sociedade civil, órgãos do governo, empresários e comerciantes, estudantes da escola e de outras, familiares e amigos contribuíram com sementes ao Tapajônicos. 

Os estudantes realizaram a quebra de dormência das sementes, que depois foram transferidas para “berçários”, em caixas de papelão e isopor, para a produção das mudas de espécies como ipê, açaí e cutite. A maioria das mudas foi usada nos plantios realizados pelo grupo, mas 50 delas foram doadas para o IFPA (Instituto Federal do Pará). Também coletaram plântulas que estavam nascendo embaixo das árvores, que foram plantadas nas áreas das ações de restauração do grupo. Duas comunidades indígenas Munduruku receberam o grupo e doaram sementes, mudas e argila para a produção de bolas de sementes.

Ao todo, o grupo realizou o plantio de 270 mudas, a maioria de espécies nativas da Amazônia, e o lançamento de 800 bolas de sementes, preparadas por estudantes da escola e da Creche Municipal de Ensino (CMEI) Olinda Lima de Souza, onde foi realizada uma oficina de produção de bolas de semente para 50 crianças. Especialistas em restauração, indígenas, professores e engenheiros ambientais, da SEMMA (Secretaria do Meio Ambiente e Mineiração), ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e do IDMT (Instituto de Desenvolvimento Mineral do Tapajós) fizeram recomendações técnicas para as ações de restauração do grupo Tapajônicos.

Os plantios foram realizados na escola, no bairro Campo Belo, em parceria com a ONG Ação Sorriso, em uma área pública da cidade juntamente com o IFPA, em área próxima ao lago Bom Jardim. As bolas de sementes foram jogadas pelos estudantes e apoiadores do grupo em um igarapé próximo à escola, no rio Bom Jardim e em um terreno próximo à creche municipal Olinda, onde o grupo Tapajônicos realizou a oficina de bolas de sementes. Na creche, o grupo desenvolveu também um quintal agroflorestal, com plantio de 50 mudas.

O grupo visitou a sede do ICMBIO de Itaituba (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), onde tiveram aulas sobre reservas e parques e receberam mudas para serem usadas em suas ações de restauração. Convidados pela equipe do ICMBIO, o Tapajônicos também fez uma visita ao Parque Nacional de Itaituba. “O que eu mais gostei na olimpíada foi ter conhecido institutos que trabalham pela restauração da natureza”, afirma a estudante Sabrina da Silva Nunes, integrantes do grupo.

Na ação realizada no lago Bom Jardim, o Tapajônicos contou com apoio de funcionários da Secretaria do Meio Ambiente, da Secretaria de Educação, que cedeu ônibus para o deslocamento dos alunos, da Secretaria de Infraestrutura, que enviou trabalhadores para cavar os buracos para as mudas, de pesquisadores do IFPA, da ONG Lixo Zero, além de professores e alunos da escola. Nesta força-tarefa, foram coletados 20 sacos (200 litros cada) de lixo, plantadas 90 mudas, jogadas 300 bolas de sementes.

O Tajapônicos também participou da Semana do Meio Ambiente do Instituto Federal do Pará (IFPA). Com os pesquisadores do IFPA, além de plantarem mudas de árvores, visitaram viveiros onde são estudados a quebra de dormência e plantio de mudas.

João Victor Silva Bento, integrante do Tapajônicos, disse que estava muito contente por seu grupo ter ficado entre os vencedores. “Deu trabalho, mas valeu a pena. Quero mais que estudantes participem, para adquirir mais conhecimento para cuidar da natureza.”

A professora Eliude percebeu que a boa experiência dos alunos na Restaura Natureza foi um incentivo para que eles participassem de outras olimpíadas. “Foi um pontapé para outras atividades. Albert se inscreveu em mais três, Rhycksson em uma olimpíada de matemática”, afirma.

A mãe do estudante Albert Mateus Rodrigues Pereira, integrante do Tapajônicos, nota que o filho “desabrochou” com a olimpíada. “Foi uma experiência que permitiu a ele mostrar o potencial, pois não focou na dificuldade, mas no que ele poderia contribuir”, diz. “Apesar de ser autista e ter necessidades especiais, ele participou com toda a equipe.” Albert conta que o grupo passou por desafios, especialmente para conseguir o transporte para as visitas a campo. “Mas me diverti muito e fiz amigos. Gosto de estudar o meio ambiente”, afirma.

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