Restaura Natureza: dois grupos de escola do litoral de SP se destacam em olimpíada


25 de outubro de 2022

A Escola Municipal Profª Edileusa Brasil Soares de Souza, de São Sebastião, no litoral de São Paulo, teve dois grupos vencedores na categoria Comissão Julgadora da 1ª edição da Restaura Natureza – Olimpíada de Restauração de Ecossistemas, da WWF-Brasil, realizado pela associação Quero na Escola.

O grupo Nature is Life ficou em 4º lugar da Comissão Julgadora, com um projeto que incluiu ações de restauração na trilha de Paúba e meliponário, enquanto o grupo “irmão”, The Five, ficou em 5º lugar da Comissão Julgadora, com um projeto sobre cosmologia Indígena, uso integral de alimentos e Plantas Alimentícias Não-convencionais (PANCs). 

O grupo Nature is Life ficou em 4º lugar da categoria Comissão Julgadora na Restaura Natureza 2022. Foto: arquivo pessoal

Ambos os grupos foram coordenados pela professora Marina Gusson Carneiro da Costa. Ao saber da olimpíada, ela espalhou cartazes pela escola e enviou mensagens nos grupos de WhatsApp para convocar estudantes a participarem. “Geralmente, eu preciso convencer os alunos a entrarem na olimpíada, e eles perguntam sempre sobre o prêmio. Mas, desta vez, eles vieram pela causa, não pela premiação”, observou Marina. Os estudantes confirmam. “O aprendizado e a diversão foram mais importantes que o prêmio. Mudou a minha vida e a de muitas pessoas, como a do meu irmão de 9 anos, que se interessou em plantar também”, afirma Willams Leite da Silva, do grupo The Five.

Por terem se inscrito perto do prazo de encerramento da primeira fase da olimpíada, os dois grupos tiveram que resolver o quiz na pressa. “Foi muito corrido. A gente usava o laboratório de informática no período da tarde para pesquisar e responder os quiz, mas outros professores precisavam usar a sala também”, conta Marisol Brito Margarida, integrante do grupo The Five.

Os estudantes descobriram que na segunda fase só poderiam trabalhar em grupos de, no máximo, 5 pessoas – o que os forçou a se separarem em dois grupos menores. “Fomos atrás de outras pessoas para completar o segundo grupo”, recorda-se Willams. Para a segunda fase, a professora Marina apresentou os 20 planos de ação sugeridos pela organização da olimpíada e cada grupo escolheu três para realizar.

Clara Rodrigues da Silva, Daphini Rodrigues Siqueira, Pietro Nunes Leal, Taina Souza dos Santos e Daví Paulo Nascimento dos Santos, do 8º e 9º ano, integraram o grupo Nature is Life. Na segunda fase, para começar, o grupo realizou o plantio de uma muda na trilha do Caetano, em Maresias (SP), junto com o grupo The Five. Outro plantio foi realizado na Trilha da Paúba. O grupo solicitou a autorização do Parque Estadual da Serra do Mar para fazer a ação e pediu ajuda de funcionários da empresa Maresias Tur, que doou três mudas. Nove mudas foram doadas pela Secretaria do Meio Ambiente de São Sebastião e mais três cedidas pela professora Marina. Em uma área de 78 metros quadrados foram plantadas 15 mudas de 8 espécies da Mata Atlântica como Araçá, Grumixama, Ipê, Angico, Pau D’Alho, Paineira, Pitanga e Goiaba. Apesar do entusiasmo com o plantio, os estudantes lamentaram o furto de três mudas e de algumas placas, que sumiram do local.

Para aumentar as chances das mudas vingarem, os estudantes aplicaram hidrogel no fundo dos berços, fertilizante orgânico proveniente de composteira doméstica e colocaram placas educativas no local. “Me interessei bastante pela olimpíada. Foi muito legal, pois eu amo a natureza”, disse a estudante Clara, do grupo Nature is Life.

O Nature is Life adotou várias técnicas de restauração de ecossistemas. Em uma área com erosão do solo, fez uma transposição de serapilheira de área preservada, adubação verde com feijão guandu e instalação de um poleiro seco de bambu – que deu bastante trabalho ao grupo. “Eles tiveram dificuldade de achar um bambu fininho.Subimos a trilha com aquele bambu comprido para montar o poleiro, que ficou meio torto”, conta a professora Marina.

Para criar o meliponário da escola, como forma de preservar espécies de abelhas nativas, o grupo conseguiu autorização, produziu e instalou seis iscas. Criaram até um logotipo para o meliponário. “A isca ainda não pegou, mas sabemos que leva um tempo para dar certo”, diz a professora Marina. Outra parte do projeto foi a melhoria da gestão de resíduos da escola, que não tinha separação dos recicláveis. Os estudantes produziram novas placas de sinalização, passaram por 34 salas de aula e pela sala dos professores e funcionários para falar da importância de fazer a separação, e fizeram uma composteira para destinar os resíduos orgânicos. O esforço precisa ser contínuo. “Taina teve o trabalho de passar por todas as salas da escola para explicar sobre a separação dos resíduos, mas até hoje ainda tem gente que bagunça o lixo e a gente tem que separar ou explicar”, lamenta a professora. 

O grupo The Five fez uma visita a uma aldeia indígena, cultivou PANCs e receitas com uso integral de alimentos. Fotos: arquivo pessoal

O grupo The Five foi integrado por cinco estudantes do 9º ano: Marisol Brito Margarida, Matheus Henrique Messias Costa, Hillary Danielle Campos Ferreira, Williams Leite da Silva e Vitoria Barros da Silva. Um dos planos de ação conduzido por eles foi o cultivo de plantas alimentícias não-convencionais (PANCs). Eles pesquisaram sobre as espécies, compraram sementes e plantaram em uma área da escola. “Eu criei amor por esse trabalho, que foi minha parte no projeto, junto com o Matheus. Mas as plantas não brotaram, o que me doeu no coração. Mas acho que isso aconteceu porque plantamos em um solo que fica muito úmido, algo que não sabíamos”, comenta Willams.

Outra ação do projeto foi sobre uso integral dos alimentos, com a produção de receitas de pratos com alimentos que geralmente são descartados, como o chips de casca de batata, que foi provado e aprovado por funcionários, estudantes e professores da escola. Nem todas as receitas ficaram boas, mas a diversão e o aprendizado foi garantido. “O doce de casca de banana ficou uma gororoba, ninguém quis comer. Isso virou até meme”, ri Marisol. Foi ela que escolheu o plano de ação sobre cosmologia indígena. “Eu me identifiquei. Fizemos uma visita a uma aldeia indígena e aprendemos sobre a cultura. Eu não sabia nada, só tinha uma visão estereotipada dos indígenas, a dos filmes”, diz. A aldeia indígena visitada pelo grupo foi a do Rio Silveira, em Boracéia. Lá, eles assistiram apresentações e fizeram perguntas a um professor indígena. 

Marisol afirma que tem um carinho enorme pelo projeto da olimpíada, que estimulou o espírito de coletividade entre os estudantes, apesar dos obstáculos enfrentados, como dificuldades de deslocamento por falta de veículo e roubo das mudas e placas. “Sinto que deixei minha marca na escola, que compartilhei coisas boas com outras pessoas. É o meu último ano na escola e sei que vou lembrar do que fiz quando estiver mais velha. Foi muito gratificante!” 

Saiba mais sobre os grupos Nature is Life e The Five:

NATURE IS LIFE

Escola Municipal Profª Edileusa Brasil

Professora responsável: Marina Gusson Carneiro da Costa

  • Clara Rodrigues da Silva
  • Daphini Rodrigues Siqueira
  • Pietro Nunes Leal
  • Taina Souza dos Santos
  • Daví Paulo Nascimento dos Santos

Instagram: https://www.instagram.com/nature_is_life_maresias/

THE FIVE

Escola Municipal Profª Edileusa Brasil

Professora responsável: Marina Gusson Carneiro da Costa

  • Marisol Brito Margarida
  • Matheus Henrique Messias Costa
  • Hillary Danielle Campos Ferreira
  • Willams Leite da Silva
  • Vitoria Barros da Silva

Instagram: https://www.instagram.com/the_five_natureza.0/

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